Os vivos e os mais vivos 2
Outro daqueles artigos antigos, este é de 2010, mas tá valendo com uma pequena atualização.
Já se passaram 27 anos desde que eu – aos 32 anos de idade – pude exercer meu voto para Presidente pela primeira vez. Pra quem tem memória curta, a história do Brasil foi assim: Fernando Collor em 1989, FHC em 1994 e 1998, Lula em 2002 e 2006 e Dilma em 2010. Só tivemos seis oportunidades para praticar o exercício do voto, esta é a sétima. Parece muito pouco, não é? Por isso temos que estar antenados.
Quero repetir a seguir algumas pequenas reflexões e idéias de textos que já publiquei antes, mas que são necessários para o que vem pela frente neste ano de eleições:
– Não existe voto de branco, voto de negro, voto de pobre ou voto de rico. Diante da urna, todo mundo é igual. Esse é o exercício maior da democracia, que deve ser festejado e defendido dos que tentam manipulá-lo.
– O voto nulo é uma opção válida, democrática e que deve ser respeitada como um direito de cada um. Mas se 70% dos eleitores votarem nulo, será eleito o presidente que os 30% que votaram válido quiserem. Pense nisso.
– Os profissionais esfregarão em nossa cara as alianças mais esdrúxulas, apresentadas como tiradas estratégicas. Desfilarão realizações de um lado e desmentidos de outro. Novos malandros vão aparecer. Velhos malandros vão reaparecer. E desfilarão mentiras em horário nobre. Tudo convenientemente “dudificado”. “Dudificar”: seguir a cartilha do Duda, criando embalagens irresistíveis para produtos envelhecidos, desonestos, perigosos…
– Enfrentaremos poderosas máquinas de criação de mentiras simbólicas. Ouviremos que as privatizações foram ruins, que “nunca antes neste país” se fez isto e aquilo, que o PAC existe, que fulano ou cicrano nunca foram condenados, que o chefe “não sabia” e todas aquelas armações da linguagem que transformam “sins” em “nãos”.
Este é o momento em que você será guiado por seus valores e convicções. Lembre-se: você tem vontade própria, não é uma máquina a serviço de um partido ou de uma ideologia. Você tem o direito de escolher o que julgar melhor para você e para o país. Portanto, faça essa escolha de maneira consciente. Examine todos os lados. Cuidado com as unanimidades e com as certezas absolutas. Cuidado com teses que prometem o céu no futuro provocando o inferno no presente. Cuidado com quem reescreve o passado. Cuidado com quem transforma convicções políticas em fervor religioso.
Minha sugestão é que, diante do bombardeio de notícias e opiniões, você faça cinco perguntas:
1. Quem criou essa mensagem?
2. Que técnicas criativas foram usadas para chamar minha atenção?
3. Se eu não fosse quem sou, não morasse onde moro, não tivesse a educação que tive, como é que eu entenderia essa mensagem?
4. Que valores, estilos de vida e pontos de vista estão representados ou foram omitidos dessa mensagem?
5. Por que essa mensagem está sendo enviada?
Essas cinco perguntinhas não garantem nada, mas criam um estado de alerta para as armadilhas marqueteiras postas à nossa frente diariamente pelos profissionais de comunicação a serviço dos partidos e candidatos.
E, para finalizar, lembre-se sempre de Aparício Torelly, nosso Barão do Itararé:
Os vivos serão sempre, e cada vez mais, governados pelos mais vivos.