UFA, a União Faz a Força
Como palestrante, viajo o Brasil de cabo a rabo e conheço uma realidade muito distante daquele país inviável que a televisão despeja em nossas salas toda noite. E diante de tantos exemplos de gente que faz acontecer por este país, concluo que a grande pauta de discussão no Brasil deveria ser…
Conectividade!
Normalmente se define “conectividade” como a capacidade de comunicação dos dispositivos de hardware ou software com outros hardwares ou softwares. Mas quero sair do mundo dos computadores para entrar no mundo da carne e do osso, dos sentimentos e percepções.
Lembra-se do “a união faz a força?”. Ouço esse ditado desde pequenininho e sempre o reconheci como uma receita para fazer acontecer. Sozinho, consigo muito pouco, mas se eu me juntar a outras pessoas na busca de um mesmo objetivo, fico mais forte e aumento minhas chances de chegar lá. Os “príncipes” conhecem muito bem esse jogo e adotam a política do “dividir para conquistar”. Sabem que grupos ordenados e coordenados são perigosos, e fazem de tudo para que eles não se formem. Enquanto isso, espertamente, fomentam grupos que defendem seus interesses. É assim que o Brasil se encontra hoje nas mãos de minorias barulhentas, mas organizadas, que definem os rumos da maioria silenciosa e… desconectada.
Conectividade!
Já pensou se aquela ONG da Bahia se juntar a outra do Rio Grande do Sul? E se o grupo de trainees da Câmara de Comércio de Jurubatuba da Serra se juntar ao comitê de jovens executivos da Fiesp? Que também se juntaria ao comitê equivalente de Santa Catarina, de Mato Grosso, do Rio Grande do Norte? Mas infelizmente eles não se falam. Provavelmente nem sabem da existência do outro. E quando se falam, dificilmente conseguem superar os jogos políticos, o sentimento de “minha ideia” e a necessidade de disciplina coletiva. Não conseguem a tal “liga”. E voltam às suas casas onde, mais uma vez, sozinhos, tentarão derrubar castelos.
E assim temos milhões de pequenos esforços honestos e válidos sendo devorados pelo sistema que destrói as tentativas de fazer acontecer dos pequenos abnegados. Canso de ver gente com brilho nos olhos, com energia e tesão, dizendo-se cansada. Canso de ver projetos deliciosos consumindo o tempo e os recursos de milhares de pessoas e obtendo um resultado que pouca mudança substancial traz ao país. Projetos que resolvem problemas de poucas pessoas, sem capacidade de ampliar o alcance. Para isso, há que ter força. Poder. Capacidade de mobilização. Voz. Impacto. Um vetor econômico que revele ganhos se a situação mudar, algo praticamente impossível quando você é apenas um pequeno abnegado, não é parente de autoridade, não tem trânsito na mídia e nem dinheiro no banco.
Como 99% dos pequenos abnegados.
O desafio é grande demais. Exige generosidade, senso de comunidade. disciplina, capacidade para trabalhar em grupo, grandeza para aceitar ideias que vêm de outras pessoas. Honestidade de propósitos. Ética… Enfim, os atributos que fazem os grandes abnegados.
Conectividade, meus caros. Só assim os milhões de pequenos abnegados se transformarão na grande maré de mudanças capaz de colocar este país nos trilhos.
Publiquei a maior parte deste texto originalmente em 2007. Trago-o de volta hoje, após uma reunião onde fui apresentado para a UFA – União Faz a Força, grupo de abnegados que quer aglutinar os diversos movimentos e entidades que estão atuando de forma independente para mudar o cenário político-social brasileiro. Eles buscam unidade nas ações. Estão agindo através de reuniões, grupos no Whatsapp, páginas nas mídias sociais, promovendo a conectividade. Ainda estão se organizando, mas em breve darei mais dicas sobre como participar ativamente das ações que prometem mudar o Brasil. Mas tenho certeza que a UFA é só mais uma das iniciativas que estão surgindo pelo Brasil. Você está se conectando a alguma delas?
Se nos juntarmos, haverá uma luz no final do túnel.