A FELICIDADE QUE NÃO EXISTE

Publicado em 5/11/2016 00:11

Faz parte da natureza do ser humano querer ser feliz e, em função disso, ele passa a vida inteira procurando esta tal Felicidade. A criança quer viver brincando, o adolescente quer uma vida de aventuras que o faça feliz e o adulto quer ser feliz até a morte. O problema para que ele não consiga resolver esta questão é simples: a Felicidade não existe.
O monge acredita que a felicidade é a espiritualização. Transcender seus desejos. Não desejar nada. O homem comum, ao contrário, busca realizar esses desejos. No entanto, quando os realiza, não percebe e inicia uma nova busca atrás de desejos outros.
A gente percebe isso muito claramente nos relacionamentos. Homens e mulheres mergulhados num mundo de ofertas e desejos só têm certeza de uma coisa: Aquela pessoa com quem dividem sentimentos e rotinas, sucessos e fracassos, carícias e brigas, é a pessoa certa para sua vida.
Mas só chegam a essa conclusão quando não estão mais juntos. É quando o outro cansou de nossas grosserias, de nosso eterno mau humor, de nosso jeito estúpido de ser e joga a chave por debaixo da porta, que percebemos que aquela era a pessoa capaz de nos fazer felizes.
No entanto, passado algum tempo, lá estamos nós buscando aquela tal felicidade em outro corpo, em outra transa, em outra insatisfação. Nem sei por que a gente casa se existe essa angústia inquieta, essa eterna busca pela felicidade eterna. Coisa essa que ninguém pode nos dar. Podem nos dar o conforto de um lar, a realização de uma família harmoniosa (o que a cada dia que passa torna-se mais difícil), um sexo prazeroso e bem feito e finalmente a mão cheia de rugas e manchas senis que segura a do outro quando os passos se tornam trôpegos.
A felicidade está sempre no objeto alheio, até que a gente descobre que somos irremediavelmente insatisfeitos. Sua mulher podia ser mais gostosa, meu homem podia ser mais carinhoso e a gente tem certeza que ainda pode ser feliz. É só se separar. Mas dá uma preguiiiiiiiiça… Tem que separar os bens, a casa, os filhos, os quadros. Os livros não, já que ele não lê.
Alguns optam por ser feliz um pouquinho aqui, um pouquinho ali. Um papo cabeça com uma (ou um) e uma trepada selvagem com outra (ou outro). O certo é que não existem amores que durem pra sempre, no mesmo formato de quando tínhamos dezoito anos, não existe a felicidade que sempre dure.
Sábios serão os homens e mulheres quando descobrirem que felicidade é um aglomerado de bons momentos e que se você parar para tentar lembrar qual foi o melhor momento da sua vida não vai conseguir. Tente. Eu desafio você.
Mas se lhe perguntarem qual foi o pior, você com certeza ficará na dúvida entre um ou dois momentos marcantes.
Eu e você estamos incessantemente buscando a Felicidade quando o certo seria estarmos tentando negociar com as pessoas que convivem conosco uma troca justa de bons momentos, que nos levem a experimentar o gostinho dessa tal felicidade que não passa de utopia, perda de tempo e energia.

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