ALEGRIA DE INTERNET

Publicado em 14/11/2014 23:11

Quem já aprendeu um pouco da vida descobriu a duras penas que felicidade em tempo integral não existe. Vamos deixar tempo integral para as escolas, pois nossos alunos estão precisando. O que acontece ocasionalmente na vida da gente são momentos bons, alegres, felizes. Quando o indivíduo é feliz o tempo todo é porque já morreu, foi um santo aqui na terra e agora está no paraíso.
Entretanto, as pessoas ainda não assimilaram isso e insistem em dissimular uma alegria permanente, um bom humor constante que, se viesse do interior, seria ótimo, contagiante, mas a máscara cai quando o flash se apaga. Foi para isso que inventaram as redes sociais; as pessoas sentem-se na obrigação de demonstrar que são felizes. É claro que muitas vezes elas estão felizes, mas não o são o tempo todo.
Não sei quem inventou essa história de que somos obrigados a estar sempre bem. Beleza que você não vai estar mal o ano inteiro, mas existem ocasiões em que a pessoa fica mal, triste, por algumas semanas, talvez meses. É uma fase, todos nós temos problemas. É claro que você não vai sair por aí passando seu baixo astral para todo mundo ou vai virar espalha rodinha, mas também não é obrigada a ficar sorrindo o tempo todo e afirmando que tudo vai bem.
As redes sociais deveriam ser chamadas de redes de mentiras, não só pela quantidade de absurdos que são publicados como pelo desfile de falsos rostos com cara de propaganda de pasta de dente e famílias de anúncio de margarina. As viagens são sempre maravilhosas, as famílias estão sempre tão unidas que você fica com vergonha da sua que vira e meche apronta um barraco.
Na verdade, o problema não é rede social alguma. O câncer da nossa sociedade atualmente é a proibição implícita de viver livremente o que se pensa, sente e é. Daí tanto suicídio, tanto preconceito daqueles que não conseguem viver suas verdadeiras vidas e se escondem atrás de fachadas cínicas, falsas e virtuais.
Pobre homem. Não aprendeu ainda que o bom é libertar-se. E, para isso, é necessário deixar que cada um seja feliz ou infeliz a seu modo para que ele, indivíduo cheio de defeitos, possa viver os seus sem máscaras e sem flashes para esconder o que todos nós temos: momentos felizes e infelizes.

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