BÍBLIA NA MÃO E PRECONCEITO NO CORAÇÃO

Publicado em 9/04/2016 00:04

Não é a primeira vez que escrevo sobre preconceito. É uma coisa que realmente me incomoda e entristece. Mas entristece muuuuuuito. Chega a me deixar por vários dias destruída emocionalmente.
Qualquer tipo de preconceito, mas principalmente contra os deficientes mentais (os loucos, principalmente) e os homossexuais. Os que sofrem preconceito por causa da cor já aprenderam, de uma forma ou de outra, a defenderem-se, e as leis já punem os racistas e favorecem as minorias, mas ou loucos e os gays realmente me comovem por serem tão incompreendidos e solitários.
Não é também a primeira vez que escrevo sobre a hipocrisia e a mediocridade de um grande número de religiosos. Vivem com o nome de Deus na boca, a bíblia debaixo do braço, o dedo crítico apontado na cara dos que eles, religiosos, consideram pecadores e, no entanto, no coração, não há lugar para o amor incondicional, aquele que nada exige do ser amado, porque está cheio de mágoa, preconceito e desamor.
Deparamos com isso todos os dias. Indivíduos que nada sabem da loucura e que riem dos que não conseguem viver a mesma realidade que vivemos. Pessoas cujas mentes gritam por socorro e, por falta de compreensão, mergulhão na escuridão do silêncio ou no desespero de vozes.
Mesmo com as campanhas explicativas deste século mostrando à sociedade que o gênero masculino ou feminino não é escolha do ser humano, muitas pessoas inclusive pais e mães viram o rosto para seus filhos homossexuais como na antiquidade virava-se o rosto aos leprosos. Até mesmo o maior líder religioso do catolicismo já abriu seus braços para os gays advertindo os preconceituosos que não nos cabe julgar outro ser humano.
Como entender aquele que prega as leis consideradas por ele divinas, auxilia o próximo em suas necessidades mais básicas e escarram naqueles que saíram de suas entranhas por não serem do jeito que gostariam que fossem: que gostassem só de rosa, que vestissem só azul, mesmo sendo infelizes.
Não posso afirmar que não tenho preconceito. Tenho, sim! Tenho preconceito contra os racistas cuja pele é negra ou amarela, mas são os primeiros a sentir vergonha de sua cor. Tenho preconceito, sim, contra aqueles que debocham do esquizofrênico, do depressivo, do autista e de todo aquele que ouve gritos e silêncios infindáveis em seu mundo solitário. Tenho preconceito, sim, daqueles que viram as costas para irmãos, filhos e desconhecidos que não comungam a mesma preferência sexual, mas são artistas, sensíveis e, acima de tudo, seres humanos. São “o próximo” que os que vivem com a bíblia na mão foram ensinados a amar com o mesmo amor que Deus ama os preconceituosos que falam em nome Dele.

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