EM TERRA DE CEGO, QUEM TEM UM OLHO…
Fico conversando com meus botões e tentando compreender o ser humano, mas, é muito difícil. Principalmente quando a gente tem oportunidade de ser mais um na multidão, onde ninguém nos conhece e podemos ser o que somos sem medo de críticas ou de magoar alguém.
Gosto de conhecer lugares e gente. Lugares de todo tipo: finos, sofisticados, mas também gosto de uma beira de estrada, uma casinha qualquer na beira da estrada …Meu único problema é o banheiro. Tem que ter banheiro razoavelmente limpo. Gosto de quase todo tipo de gente. Gente rica, gente feia, gente amarela, negra, com olhos azuis ou caolha.
As de um olho só me chamam mais atenção, pois só aceitam viver onde todos são cegos e lá, nesse lugar, elas serão reis e rainhas. Quem tem dois olhos e enxerga e vê (isso é o mais importante), quer andar pelo mundo, não ser reconhecido, apreciar o desconhecido. Sabe que o mundo não se resume naquele mundinho diminuto e sem horizontes.
Quem tem um olho só porque perdeu o outro no complexo de inferioridade ou no preconceito, nos dogmas e na comodidade, vai morrer feliz no seu trono, onde, como rei é respeitado, admirado e até mesmo temido. Só um olho, só um objetivo, só um caminho, só um trono.
Mas se estas pessoas são felizes assim, quem sou eu para julgá-las? Só faço aqui uma tímida observação. E se faço é porque as observo e por elas sinto muito. Sinto que lhes falta sair da casca, abandonar a concha, o casulo, virar borboleta e serem mais interessantes do que já são.
Muitas pessoas têm sua terra de cego e não seriam o que são sem elas. Precisam ser caolhos, enxergar menos, conhecer menos e se espalhar mais em seus tronos rotineiros e seguros esperando a morte chegar…