Entre tapas e beijos

Publicado em 15/08/2015 00:08

Quem ama cuida, dizem alguns. Mas será que cuida mesmo? Será que esse cuidado que vemos em inúmeros relacionamentos não passa de um ciúme recheado de um egoísmo pra lá de exagerado?
E quando falo aqui sobre cuidados e ciúmes não estou referindo-me apenas a relacionamentos afetivos (homem/mulher-homen/homen-mulher/mulher). Quero dizer que qualquer ciúme exagerado, disfarçado de cuidado, não faz bem a nenhuma relação.
Já escrevi há alguns anos e a ideia continua valendo: Quem sente muito ciúme não tem autoestima ou já foi enganado antes ou vive enganando o outro e por isso precisa monitorar todos os passos.
Na verdade quer saber onde o outro (a) está para poder evitar passar com o objeto da traição pelo mesmo lugar. Aí vem o controle obsessivo dos lugares aonde vão, das roupas, dos decotes. Tudo o que os atrai em outras pessoas pode atrair o parceiro (a) também.
Existem casais e afins que curtem um ciúme doentio e que acaba em tapas e beijos. Às vezes mais tapas do que beijos, mais inferno que paraíso. E o pior é que algumas pessoas acabam por se acostumar a esse tipo de atitude e, se aquela coisa acabar, ela sai em busca de outro alguém que possa lhe rechear de tapas e beijos também. Depois chamam de destino só arranjar o que não presta. O famoso dedo podre.
É claro que se Freud explicasse tal comportamento os terapeutas já teriam curados todas essas anomalias e os consultórios estariam vazios e a Lei Maria da Penha não existiria.
Pais que tentam dominar e extrapolam no cuidado com os filhos e vice versa um dia perceberão que os filhos procurarão para si o mesmo modelo para um futuro relacionamento amoroso. Amados e amantes quando não acabam a relação na polícia, ou pior, no hospital, transformam-se em inimigos e carregam para o túmulo mágoas e ódios doentios.
Para quem gosta de apanhar na cara ou sentir no peito a dor de um egoísmo traumático disfarçado de ciúme e cuidados essa é a relação perfeita. Para quem se ama e ao outro de verdade uma mordidinha na nuca e um olhar fingindo raiva é suficiente para demonstrar um ciúme saudável e apimentar a relação.

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