INTERNET E UM CARNAVAL DO PASSADO

Publicado em 5/02/2016 23:02

Creio que já contei várias vezes que não gosto de Carnaval. Acho meio burlesco seres humanos pulando e gritando com as mãos para o alto como num ritual. Só falta uma fogueira no meio do salão com um panelão de água fervendo com uma pessoa dentro.
Pelo menos é assim que vejo essa folia exacerbada e sem controle dos três dias de folia e brincadeiras que, em alguns lugares do nosso País, dura todo o mês de fevereiro, mas que leva centenas de pessoas a se dedicarem um ano inteiro para preparar tudo.
Lembro com certa nostalgia famílias inteiras com seus filhos fantasiados de piratas, bailarinas e palhaços em “domingueiras” sadias e tranquilas, em que a única droga que animava os salões era o lança-perfume que encharcava as fantasias.
Só brinquei Carnaval uma vez. Era adolescente, com um pai rígido que só permitiu que eu fosse porque seria acompanhada por uma família amiga. Foi em uma estância hidromineral, cidade pequena do interior de Minas, no salão de festas de um hotel chique da cidade.
Como sempre fui intensa, brinquei a noite inteira com um pierrô e por ele me apaixonei perdidamente. Não era colombina, mas uma cigana apaixonada.
Perdi meu pierrô depois do Carnaval para o tempo que passou. Ao longo dos anos, só ficou um nome em minha mente. Lá se vão mais de 40 anos e eis que um dia desses ao abrir minha caixa de mensagens encontrei mais ou menos isso: “Sou fulano de tal, e há muitos anos, numa cidade assim, assim, conheci uma garota com o mesmo nome que o seu. Lendo o seu perfil, vi que os seus sonhos e expectativas na vida são os mesmos daquela moça do meu passado. Nunca mais a encontrei, até que navegando na internet deparei com você e a cidade natal, o nome e outros detalhes são os mesmos. Será que é você a ciganinha do meu Carnaval em Minas Gerais? Se não for, peço desculpas pelo incômodo”, (pierrô fulano de tal).
Era ele! Fui lá no perfil e tudo… batia: profissão, escola, sobrenome …
Olhei as fotos, vi como o tempo é ingrato. Modéstia à parte, foi mais pra ele do que pra mim.
Revi minha vida, recordei meu passado, viajei no tempo, voltei para o salão da minha vida hoje. Foi um bom Carnaval, mas a realidade mostra que apesar de ter sido bom não foi o suficiente para que eu me apaixonasse pela folia de Momo.

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