Minha máxima culpa

Publicado em 20/06/2014 23:06

Havia muito tempo não encontrava meu amigo Rodrigo. Amigo da turma de meditação temos sempre muita coisa para conversar, mas, dessa vez, eu queria notícias de sua mãe, que passava por uma fase difícil, lutando contra um câncer . Os passos da doença são os mesmos que a gente acompanha: quimio, muito sofrimento, desânimo, vontade de lutar, desânimo de novo, melhora, piora, muita esperança…
Mas uma coisa chamou minha atenção no relato de Rodrigo sobre o caso de sua mãe. Durante a primeira fase da doença, faltou-lhe o apoio do marido e o casamento se desfez justo em um momento crítico para ela. Não é o primeiro nem será o último caso. Nem sempre a família está preparada para dar apoio em casos como esses. E nem sempre estamos preparados para receber apoio…
Nem sempre uma pessoa admite que os erros dela sejam só dela. Há muito tempo algumas enfermidades são ligadas às falhas nas atitudes humanas. Antigamente era a tuberculose, ligada a paixão descontrolada e hoje há suposições a respeito do câncer. Cresce o número de publicações que propõem a ideia de que é o homem, a partir de seu caráter e atitudes, é o único responsável pelo aparecimento de suas doenças.
Mas se podemos culpar alguém, por que não? Já que a sábia natureza nos mostra que “Para toda ação existe uma reação”, nossas doenças são causadas pelos nossos sofrimentos e obviamente por aqueles que nos fazem sofrer… É fácil assim!
Na verdade, nós somos a causa de tudo que nos acontece e não o outro! O “vitimismo” é a saída mais fácil que encontramos para tirar de nossos ombros a responsabilidade pelas nossas escolhas erradas, pela nossa insistência em permanecer no erro dessas escolhas, pela permissividade e pela acomodação que atribuímos a um sexo frágil que já deixou de ser frágil há muito tempo!
Segundo alguns especialistas na área, acredita-se que o câncer esteja ligado à insuficiência de paixão, atacando os sexualmente reprimidos, inibidos, não espontâneos, incapazes de exprimir a raiva ou o amor. Encontramos ainda em obras sobre o assunto, que quando uma mulher nutre em seu coração sentimentos de revolta contra o pai ou marido, seus seios passam a ter problemas.
Nódulos, mastite ou tumores nos seios significariam descontentamento ou ressentimento profundo em relação às pessoas que desempenham o papel simbólico de pai, tais como marido, sogros, cunhados etc.
Isso não passaria de uma autopunição, inconsciente diante da constatação de um fracasso diante da vida. Fracasso que é nosso, não de quem nos fez ou ajudou a fracassar. É mais fácil culpar (sempre a culpa) o outro pela nossa falta de coragem para tomar a atitude que vai virar tudo do avesso e trazer as conseqüências que desconhecemos e tememos. A doença é o castigo justo (foi isso que aprendemos aqui no ocidente, através do Cristianismo), para nós e para quem nos fez sofrer, e é também culpado pelo câncer em questão, como foi da tuberculose, quando, na verdade, ainda não fomos preparados para lidar com nossos medos, nossas culpas, nossas inseguranças…Sem falar que não poderia haver uma hora pior para refletir sobre isso…

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