Mundo novo
-“Há algum tempo as coisas eram bem diferentes”- dirão alguns. E eram mesmo! Homens casavam com mulheres, criança não dava pitaco em conversa de adulto, quem mandava em sala de aula era o professor, os filhos esperavam os pais morrerem para herdarem seus bens, ao invés de matá-los. E por aí vai…
Andei lendo muito sobre transição ultimamente. A Terra está em transição, o homem está em transição, assim como os animais. Tudo mudando. Tudo se transformando. E nós, pequeninos que somos ainda, sentados na platéia do teatro da vida, só conseguimos enxergar o palco. Sentados em nossas cadeiras individualistas, assistimos às peças do mundo, encenadas por nossos atores, espelhos de nós mesmos, ainda amadores, num cenário de milênios, que aprendemos a destruir, século após século, e a montar, vida após vida, de uma maneira sempre diferente.
São dramas, comédias, monólogos tristes e sem sentido. Verdadeiras obras de arte! São escritos com nossas lágrimas, com o sangue dos que tem coragem para lutar, e com a cachaça dos que só têm força para se inebriar, com suas próprias fraquezas mentiras e vícios. Se o homem trocar de lugar com os personagens que cria e olhar todo o teatro pelo ângulo do palco, por detrás das coxias, conseguirá entender todo o esplendor da obra que se desenrola na atual mudança.
Antigamente pouco nos bastava. Sabe pouco, ouvia-se e enxergava-se pouco.
Éramos limitados. Comida nos bastava. Como aos bebes. E quando bebês… Meu Deus! Nascíamos bebês feios, de olhos fechados, molinhos, bobinhos, caras de joelho. Bebezinhos enfaixados durante um mês, para ficarmos durinhos, não quebrar, umbigos esquisitos…
O mundo felizmente mudou. Muita gente está apavorada com os novos tempos. A moral é outra. Nossos jovens, não aceitaram mais a nossa moral corrompida como herança, nossas mentiras como postulados, nossos preconceitos como dogmas ultrapassados.
É verdade que o mundo está mudando. Há muito tempo esta mudando. Só quem já morreu não pode perceber. E precisará mudar muito mais. Precisará se despedaçar por inteiro, implodir geral, para que possa ser reconstruído pelos novos atores. Esses que vão sair da platéia e subir ao palco, cheios de marra, cheios de garra, cheios de criatividade.
O mundo está acabando? Está sim. O mundo velho que existe dentro de cada um de nós. O mundo dos homens que viviam de instintos, de hipocrisias, de falsos moralismos.
Está acabando o mundo que oferecia escolas que acreditavam que alunos não precisavam pensar, que não podiam retrucar, que não podiam opinar… Esse mundo está acabando!
Está acabando o mundo dos homens e o mundo das mulheres! Está surgindo o mundo dos seres humanos, com gêneros não com rótulos.
Tomara que o mundo vá se acabando aos poucos, bem devagar, desmoronando. Em câmera lenta… Pra dar tempo. Tempo pra gente aprender a lidar com todos os botões do controle remoto, saber todas as funções do celular, saber escolher o político certo. E a gente aprender a viver com Arte no mundo novo que já se anuncia…