AMOR DE CARNAVAL DESAPARECE NA FUMAÇA…

Publicado em 28/02/2014 23:02

Quem já passou por essa vida e não viveu um amor de carnaval, “daqueles” que desaparecem na fumaça, que fazem você sentir que conheceu o alguém eterno, que parece ter surgido do fogo do inferno, no afã da orgia, no meio da multidão, pode até ser mais santo, pode até ir pro céu antes de mim… Mas não sabe o que é bom, nem o que perdeu…
De repente aparece aquele alguém, que você nunca viu na vida, mas, você canta assim mesmo:
“Foi bom te ver outra vez, ta fazendo um ano, foi no Carnaval que passou…” E quem sabe não foi mesmo? Em outra encarnação? E quando você percebe, as mãos se juntam, um beijo longo e quente acontece e BUUMM! … Uma paixão quente explode e os dois não conseguem mais se desgrudar a noite inteira…
“Quanto riso! Oh! Quanta alegria! Mais de mil palhaços no salão…” Mas justamente aquele arlequim conquistou seu coração… É uma pena aquele que nunca encontrou no meio de um salão onde chovia confete e serpentina um eterno amor de Carnaval…
Era tão eterno esse amor, que a gente nem queria mais olhar pra ninguém no meio da multidão de corpos suados. Era tão eterno que a gente chorava quando lembrava que tudo acabaria na Quarta-feira de Cinzas. E antes que a festa acabasse a gente já cantava a saudade que invadia o coração e pedia Paz!!!
Foi assim o meu amor de Carnaval! Três noites de folia e brincadeiras. Três dias longe de casa e da realidade. Três dias de Carnaval. Pra tudo acabar na quarta-feira, com os olhos inchados de chorar de tristeza, de ter que voltar pra cidade natal, sem saber se veria outra vez o grande amor daquele Carnaval…
Muitos anos se passaram. Foi bom vê-lo outra vez. Foi meu primeiro amor de Carnaval. Primeiro e último amor de Carnaval!!! Encontramos-nos outras vezes, mas não era Carnaval, e os beijos já não foram tão quentes nem tão molhados. Não tocava nenhuma música frenética com um bumbo batendo forte fazendo nossos corações baterem mais forte ainda, como se estourar fossem. E não havia palhaços, ciganas e piratas de mãos dadas nos empurrando num cordão, rodopiando num salão…
Muitos anos se passaram. Não éramos movidos a exctasi, não cheirávamos cocaína, amávamos um amor só durante todo o Carnaval. Não “ficávamos”. Nos apaixonávamos… Perdidamente. Éramos ingênuos e felizes. E sofríamos quando chegava a quarta-feira.
Não sei que fim levou meu grande inesquecível e eterno amor de Carnaval. De todos os amores que tive, foi o único que não deixou rastros, do qual não tenho notícias… Mas não posso dizer que o esqueci. Afinal… Foi meu primeiro amor… De Carnaval!
E, como tudo que é o primeiro, a gente nunca esquece. Lembro dele quando vejo as serpentinas cortarem os ares, os confetes salpicarem o chão e o lamento de um bumbo ou de uma cuíca me trazerem a saudade desse amor, e me lembrarem que eu, simplesmente, definitivamente, esqueci seu nome…

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