POLÍTICOS NÃO MUDAM
Lembro-me ainda hoje de minha mãe com os ouvidos grudados no rádio tendo como diversão no cair da noite “Jerônimo, o herói do sertão”.
É de praxe, atualmente, aqueles que se denominam intelectuais torcerem o nariz com ares de desdém quando a conversa é novela. Para esses, só ignorante assiste às mesmas e ainda discutem! Imaginem só!
Eu, particularmente mudei alguns valores. Muitos autores, de algumas décadas para cá, transformaram algumas de suas obras em utilidade pública ao focarem, em horário nobre, temas de interesse atual e de importância social quando transformam obras literárias de grandes escritores em atração popular adaptadas para a telinha.
É claro que não poderia faltar a apelação exagerada para cenas envolvendo sexo em detrimento da busca desesperada por audiência. Mas, em minha opinião, quem não quer assistir é só desligar a televisão, pegar um bom livro ou arrumar as gavetas dos armários.
Muitos temas têm sido abordados visando alertar a sociedade sobre preconceitos, comportamentos que não são mais aceitos em nosso século e na sociedade, ajudando-nos a banir certos tabus absurdos. Mais absurdos que assistir novela.
Adaptações de obras de Jorge Amado, por exemplo, um exímio fotógrafo do comportamento cotidiano de seu tempo e um dos maiores escritores brasileiros, possibilitam que possamos conhecer atitudes da sociedade do século passado que muitos não pudemos testemunhar naquela época, mas que se repetem hoje.
Um dos fatos mostrados na literatura e agora na telinha é o imutável comportamento político de décadas atrás repetido na atualidade. Um deles, como disse o autor, é que “quando o homem já atingiu seu objetivo financeiro na vida, é picado pelo inseto do poder”. Mostra também que todo homem tem seu preço. Seja uma roça de cacau, um sonho a ser realizado, um acordo sórdido seguido de alguma maracutaia de um cargo político que lhe garanta ou aos seus um cargo político um bom futuro.
As obras nos mostram que assim como na atual panela de angu mexida por nossos políticos o que interessava no passado também era o pirão de cada um primeiro e o povo que se exploda! Nada mudou. Amigos são destruídos, se preciso for, para fazer valer o mais forte. E para ser o mais forte vale qualquer coisa, qualquer canalhice, qualquer tramóia. A diferença é que hoje eles pensam que estão tramando às escondidas, veladamente, e no passado era com a espingarda em punho. As armas hoje são as redes sociais, juntamente com as religiões como antigamente. E fazem um bom estrago.
Matar e ferir a ilusão daqueles que acreditam que existe indivíduo macho o suficiente para perseguir seus ideais e suas crenças. Ferir e matar a esperança de quem acredita que nem todo homem tem preço e na maioria das vezes é um preço baixo demais para uma existência que deveria primar pela honestidade, um caráter exemplar e pelo bem do próximo e da sociedade.
Mas… Como diz a canção: “Eu nasci assim, eu cresci assim, vou ser sempre assim…”
Em se tratando de política: “Farinha pouca, meu pirão primeiro…”