QUENTE E FRIO NA VERGONHA
Não vou falar de Copa do Mundo, da humilhação daqueles 7 x 1, de Neymar ou Messi. Já estou, assim como vocês, de “saco cheio”. Vou falar sobre gente, sobre nação, cultura e vergonha. Vou falar do que é ser um povo que sempre possuiu governantes preocupados com sua educação.
Sempre foi gritante a diferente formação cultural entre os povos europeus e os americanos, sejam do sul, do norte ou da América Central. Com variáveis, porém não distantes diferenças. Foi o que mais chamou minha atenção nesse Mundial, que juntou todos e mostrou a cara pintada ou não de cada um para as Américas.
Mesmo tendo sido colonizados por europeus, a impressão que nos passa é que só a escória foi para as Américas. Isso ficou nítido nas ruas, nos estádios, nas demonstrações de alegria e tristeza. Peguemos, por exemplo, o oposto disso, nosso fantasma, a Alemanha.
Fui criada em escola dirigida por freiras e padres alemães e confesso que sempre fui traumatizada por sua rigidez e frieza. Hoje, com capacidade para entender seu comportamento e de outros europeus, percebo que sua frieza é uma consequência ou extensão de seu comportamento educado e exemplar.
Fiquei envergonhada ao ver nossos jogadores (falo dos latino americanos) jogarem-se ao chão simulando faltas inexistentes e mostrando a sua famosa fama de catimbeiros, driblando aqui e ali, enquanto os europeus agiam de forma verdadeira, sem simulações, sendo bem interpretados pelos já malandros juízes.
Vergonha fria que se sente de um povo que do avesso é quente e recebe como ninguém, fazendo com que os blocos de gelo da Europa se derretam diante da nossa alegre hospitalidade e capacidade de ser feliz diante de tanta desgraça da qual eles estão perfeitamente informados.
Sul-americanos debocharam da nossa vergonha enquanto os alemães desculparam-se por nos envergonhar dentro de casa. Essa deveria ser a maior lição a ser aprendida por nós, brasileiros: Não adianta fama com fome e sem educação, mas compensa ensinar o que é ter vocação para ser feliz.