Sem medo da solidão

Publicado em 17/07/2015 23:07

Ouço muita gente se queixar da solidão. Ouço outro tanto afirmar que gosta de ficar só.
Como sempre, acho que tudo é questão de equilíbrio ou de escolha. Assim como é bom viajar, quem é obrigado a viver viajando a trabalho já não acha tão bom assim.
Temos nossas fases na vida e cada uma delas nos ensina lições diversas. Cada fase nos traz um amadurecimento maior e uma capacidade de reflexão mais profunda e útil.
Estou em uma das melhores fases da minha vida. Não disse que é a melhor, mas também não lembro que fase foi essa.
Nunca tive medo da solidão. Já tive medo de escuro quando criança, de alma do outro mundo quando era adolescente, quando fiquei adulta passei a ter medo de morrer com falta de ar depois de enterrada, e de me desiludir.
Tudo isso passou. Hoje minha companhia me basta, o escuro me acalma, tenho medo dos que estão vivos e já sofri desilusões o bastante para saber que não morremos dessa doença.
Sempre que cercada de muita gente, sinto fobias. Perco o tino, me falta o ar.
Hoje, que vivo mais sozinha, cheguei à conclusão que solidão só me afeta se for pra sempre. E como ninguém fica sozinho pra sempre, a solidão é uma lenda.
A solidão parece ser mais sentida quando antecedida da desilusão.
Conclui que desilusão também faz bem. Depois que sentimos o sabor amargo da morte de alguém que amamos, qualquer desilusão dói menos. Além de fazer com que você cresça e encare a dor de perder como um aprendizado.
Perder quem se ama para a morte ou para um (a) amante nos fazem mais fortes. Às vezes mais amargos, porém mais fortes. Apanhar da vida muitas vezes faz bem.
A dor e as feridas nos fazem mais lúcidos, alertas e tristes; porém, acabamos esquecendo os riscos.Tudo isso sem contar que a solidão faz com que a gente dê valor às verdadeiras e boas companhias.

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