VALE A PENA ESSA AMIZADE ?
Quem de nós já não se deparou com o dilema de contar ou não algo crucial a um amigo ou amiga? Derramar sobre o outro palavras aos borbotões, que irão ferir, magoar, descortinar verdades nunca pressentidas e que nem sabemos se devem ser faladas…
Sempre me perguntei se a verdade seria a mais acertada atitude em uma amizade, e ainda tenho minhas dúvidas. Será que algum amigo quer realmente saber o que penso dele? E eu? Me interessa ou me fará bem saber o que pensam de mim?
Mas, se sou eu que tenho que disparar o gatilho na hora da Verdade, prefiro usar aquela frase dos covardes: “Bem, isso é muito relativo…”
E é mesmo ! Aprendi que calar às vezes é compaixão. Aprendi na vida que falar às vezes é destruição. E onde fica a amizade? Não me venham com aquela história de omitir. Para mim, omitir e mentir são a mesma coisa. E aí nos vemos diante da difícil situação de revelar ao outro que seu filho fez isso ou aquilo … que o marido a está prejudicando … Que a mulher o está desmoralizando.
Cheguei à conclusão de que nada disso importa se o outro não se importa! Se o nosso amigo é feliz com tudo que o cerca, calar é ser amigo! Mas será que é amizade calar ao ver um adolescente se afundar nas drogas com o desconhecimento dos pais? Até que ponto temos esse direito como pessoas dignas? Dignas de que? De recebermos a dúvida como resposta ou a acusação de sermos mentirosos?
Nem importa nesse caso perder a amizade, pois se ela estremecer é por que não valia ser chamada de amizade. E se nós nos calamos, vale a pena a “nossa” amizade?
Calei-me durante 10 anos diante da traição do marido de uma amiga. Ele a humilhava, ela era infeliz, sofria que nem um cão. Mas me confidenciava sempre que não saberia viver sem ele e que se suicidaria caso ele a deixasse. Calar é compaixão. Quando ela finalmente descobriu tudo e ele a abandonou, ela me “apertou”: – Você sabia e não me contou! Que amiga, hein? Continuamos amigas, ela não se suicidou, mas ajudei-a com meus meios a se livrar da rival.
Pegando mais leve, oque fazer quando nos aparece pela frente aquela amiga com um corte de cabelo novo (Horriiiiiiivel), vestida como se fosse a Barbie, sandália de travesti, com 50 anos de idade querendo aparentar 25 e me pergunta se eu acho que ela está bem?
Que não me aconteça essa! Numa hora dessas, Falar é destruição! Mas se não for assim, vale a pena essa amizade?