PF prende doleiro ligado a Cunha e mira empresa do grupo dono da JBS
A Polícia Federal deflagrou na manhã de ontem, 1º, Operação Sépsis, uma nova etapa da Operação Lava Jato. Um dos alvos é o doleiro Lúcio Funaro, preso em São Paulo. Segundo delatores da Lava Jato, ele é ligado ao presidente afastado da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Os agentes também cumpriram mandado de busca e apreensão na Eldorado, braço de celulose da J&F Investimentos, grupo dono da JBS e comandado pela família Batista. A JBS é dona da Friboi.
A casa de Joesley Batista, presidente do conselho de administração da JBS e diretor-presidente da J&F, também foi alvo de buscas.
Outro alvo de busca e apreensão da Sépsis foi a casa do empresário Henrique Constantino. Os mandados desta etapa da operação foram autorizados pelo ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF).
Veja os principais alvos desta fase da Lava Jato: Lúcio Funaro, doleiro que, segundo delatores, é ligado a Eduardo Cunha; Joesley Batista, um dos sócios do grupo J&F
;Eldorado, braço de celulose da J&F Investimentos (a J&F Investimento é dona da JBS e é de propriedade da famíla Batista); Milton Lira, lobista; Cone Multimodal, empresa de infraestrutura industrial e logística multimodal; Henrique Constantino, empresário
Também é alvo da operação o lobista Milton Lira. A polícia fez busca e apreensão na casa dele, em Brasília.
A ação na manhã desta sexta se baseia nas informações da delação premiada de Fábio Cleto, ex-vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias da Caixa Econômica Federal e que também seria aliado de Eduardo Cunha.
No mês passado, Cunha afirmou que deu apoio à indicação de Cleto pela bancada do PMDB do Rio de Janeiro. Em dezembro do ano passado, Cleto foi exonerado da Caixa por determinação da atualmente presidente afastada Dilma Rousseff.
Outra delação que baseou as ações desta sexta é a de Nelson Mello, ex-diretor da Hypermarcas.
Às autoridades, Fábio Cleto relatou que o presidente afastado da Câmara recebeu propina por negócios feitos pelo Fundo de Investimentos do FGTS (FI-FGTS). Cunha nega ter recebido vantagens indevidas. “Reitero que o cidadão delator foi indicado para cargo na Caixa, pela bancada do PMDB/RJ, com meu apoio, sem que isso signifique concordar com qualquer prática irregular. Desminto, como aliás já desmenti, qualquer recebimento de vantagem indevida. Se ele cometeu irregularidades, que responda por elas”, afirmou Cunha no mês passado por meio de nota.
A JBS divulgou um comunicado aos acionistas no qual afirma que a companhia e seus executivos não são alvo da operação da polícia.
“A JBS comunica a seus acionistas e ao mercado em geral que, em relação às notícias veiculadas na data de hoje pela imprensa, a Companhia, bem como seus executivos, não é alvo e não está relacionada com a operação da Polícia Federal ocorrida na manhã de hoje”, afirmou o comunicado.
Em Pernambuco, o alvo das buscas foram a Cone Multimodal, que tem o FI-FGTS como um dos sócios, e os imóveis dos empresários Marcos José Roberto Moura Dubeaux e de Marcos Roberto Bezerra de Melo Moura Dubeaux. Eles são pai e filho. O primeiro é presidente da Moura Dubeux, que já foi sócia da Cone. O segundo é o presidente da Cone.
Em nota, enviada também em nome dos dois empresários, a Cone S/A informou que só vai se manifestar quando tiver conhecimento de todo o conteúdo da denúncia e qu está à disposição das autoridades.
Mandados
Ao todo foram cumpridos 19 mandados de busca e apreensão e 1 de prisão preventiva.
No estado de São Paulo, além da prisão, foram 12 buscas e apreensões. No DF, foram 2 buscas e apreensões, assim como no Rio de Janeiro. No Recife, foram 3 mandados de busca e apreensão.
Em nota , a Eldorado confirmou a busca e apreensão nas dependências da empresa em São Paulo e disse que desconhece os motivos da ação policial.
“A Eldorado confirma que a Polícia Federal realizou busca e apreensão em suas dependências em São Paulo na manhã de hoje. A companhia desconhece as razões e o objetivo desta ação e prestou todas as informações solicitadas. A Eldorado sempre atuou de forma transparente e todas as suas atividades são realizadas dentro da legalidade. A companhia se mantém à disposição para prestar quaisquer esclarecimentos adicionais”, informou a empresa. G1