A Beleza que Transforma: Meu Olhar Sobre a Neuroestética

Publicado em 11/10/2025 00:10

Solange das Flores Nascimento (Sol Flores) – Psicóloga psicanalista, atriz e diretora profissional e pós graduada em metodologia do ensino

Quando eu falo de arte, não estou me referindo apenas a algo bonito de se ver.
Estou falando de uma força capaz de transformar vidas, inclusive a minha. E a ciência já tem um nome para isso: neuroestética. Esse campo estuda como o nosso cérebro reage diante da beleza, seja ela uma pintura, uma música, uma cena de teatro ou até um gesto criativo simples.
O que mais me encanta é perceber como aquilo que a ciência explica é algo que eu vejo acontecer todos os dias no meu trabalho.
A arte que desperta memórias
Nas oficinas que realizo com idosos, presenciei momentos que me marcaram para sempre. Uma canção antiga ou uma cena improvisada pode fazê-los reviver a infância, a juventude, histórias guardadas no coração. Aquele brilho no olhar não é só emoção: é o cérebro sendo estimulado pela arte, criando novas conexões e fortalecendo memórias.
O riso como cura
Também testemunhei a força do riso. Durante jogos teatrais e improvisos, os idosos riem, se divertem e, por alguns instantes, parecem esquecer as dores do corpo ou as preocupações da vida. A neurociência nos diz que o riso libera dopamina, trazendo bem-estar e motivação. Mas, para mim, que estou ali, o mais importante é ver como a alegria devolve dignidade e leveza a essas pessoas.
Criatividade é para todos
Costumo dizer: criatividade não é um dom, é um direito humano. Não importa a idade ou se a pessoa se considera “artista” ou não. Quando nos permitimos criar, nosso cérebro se exercita, nossas emoções se organizam e nossa vida ganha mais sentido. É como abrir uma janela para entrar um ar fresco.
A beleza como necessidade humana
A neuroestética deixa claro: a beleza e a arte não são supérfluas, são essenciais.
Num mundo cada vez mais acelerado e cheio de estresse, precisamos de momentos que nos reconectem com o que é humano. Estar diante de algo belo, ou criar algo com as próprias mãos, fortalece nossa mente, corpo e coração.
O que eu aprendi
Depois de tantas experiências, tenho certeza: a arte é uma forma de cuidado.
Quando oferecemos a alguém a chance de se expressar criativamente, não estamos apenas “fazendo arte”. Estamos cuidando da saúde mental, fortalecendo a memória, despertando emoções e, muitas vezes, devolvendo a alegria de viver.
Para mim, a neuroestética é isso: a ciência que explica aquilo que eu vivo e testemunho todos os dias.
Criar é mais do que produzir algo bonito. Criar é viver, é resistir, é se fortalecer.
E eu sigo nessa missão: levar a arte como ferramenta de saúde, porque onde há beleza, há vida pulsando.

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