CID DEIXA MINISTÉRIO APÓS DIZER QUE ALIADOS QUE VOTAM CONTRA DEVEM ‘LARGAR O OSSO’
O ministro da Educação, Cid Gomes, pediu demissão na quarta-feira, 18, à presidente Dilma Rousseff. A informação foi confirmada oficialmente pela Casa Civil. A saída dele ocorreu após uma fala do ministro na Câmara ter gerado revolta entre parlamentares na base aliada.
Convocado pelo Legislativo para explicar uma declaração dada por ele no início do mês na Universidade Federal do Pará, Cid Gomes disse na tribuna do plenário da Câmara nesta quarta-feira que “partidos de oposição têm o dever de fazer oposição”. “Partidos de situação têm o dever de ser situação ou então larguem o osso, saiam do governo”, disse.
Em seguida, o ministro atacou o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). “Prefiro ser acusado por ele [Cunha] de mal-educado do que ser acusado como ele de achaque”, disse Cid, apontando para a Mesa Diretora, onde estava o presidente da Casa.
Pouco antes da confirmação da saída de Cid do ministério, o PMDB havia ameaçado romper com o governo caso o ministro não fosse demitido. Assim que deixou o prédio do Legislativo, o ministro foi chamado para uma conversa com a presidente
Dilma Rousseff. Antes da confirmação oficial de sua saída, Eduardo Cunha já havia informado a imprensa que Cid havia caído.
No início da noite, em uma nota de quatro linhas, o Planalto agradeceu a permanência de Gomes no cargo. “A presidenta agradeceu a dedicação do ministro à frente da pasta”, diz o texto.
O pedido de explicações da Câmara surgiu após uma declaração do ministro para professores e reitores durante uma visita à Universidade Federal do Pará. Um áudio com a fala do ministro, capturada no dia 27 de fevereiro, foi publicado no dia 4 deste mês, no Blog do Josias, do UOL.
“Tem lá uns 400 deputados, 300 deputados que quanto pior melhor para eles. Eles querem é que o governo esteja frágil porque é a forma de eles achacarem mais, tomarem mais, tirarem mais dele, aprovarem as emendas impositivas”. Ouça:
A fala de Cid desta tarde incomodou e foi criticada por vários parlamentares. Alguns deles chegaram a recomendar sua saída na tribuna.
Pouco depois, ao retomar a fala, Cid fez novas acusações e abandonou o plenário da Câmara, quando foi acusado de fazer “papel de palhaço” pelo deputado Sérgio Zveiter (PSD-RJ), partido da base aliada.
Após a demissão, o líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), disse que Cid se comportou como “menino mimado”.
“Não esperávamos outra atitude que não fosse essa. O que ele demonstrou aqui foi falta de formação democrática, de formação republicana. Ele saiu daqui como um fanfarrão porque veio aqui, falou o que quis, ouviu o que não quis, saiu como menino mimado. Fiquei com uma péssima impressão dele como homem público. Agente incapaz de exercer a função pública”, disse o líder do PMDB após a demissão de Cid.
Ex-integrante do PSB, Cid Gomes chegou ao ministério por ter se mantido fiel a Dilma Rousseff.
Ele rejeitou a candidatura própria do partido à Presidência – a legenda teve a ex-senadora Marina Silva como candidata após a morte do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos. O grupo ligado a Cid Gomes, que inclui o irmão Ciro Gomes, deixou o PSB em setembro de 2013 e se filiou ao Pros (Partido Republicano da Ordem Social).
O candidato dos Gomes, Camilo Santana (PT), acabou se elegendo governador. Santana foi secretário do Desenvolvimento Agrário e das Cidades durante a gestão de Cid. Notícias UOL