MÃE MANTÉM FILHO ACORRENTADO HÁ MAIS DE 12 ANOS
Uma realidade espantosa e ao mesmo tempo insolucionável chocou Fernandópolis.
Poucos sabiam, mas uma mulher mantém o filho, portador de deficiência mental, de 27 anos, acorrentado na residência em que residem, desde quando ele tinha 15 anos. À primeira vista pode parecer um ato de crueldade, no entanto, quando se conhece a fundo a situação de Mariza Padilha, mãe de quatro filhos, percebe-se o quão difícil e sem escapatória é sua situação para garantir o mínimo de saúde e dignidade ao filho André Luís Padilha, que teima em se machucar o tempo todo.
“Já tentei de tudo e sou sozinha. Meus filhos são todos casados e tenho uma filha que ajuda. Não posso sequer ir à esquina comprar alguma coisa para ele se não tiver uma pessoa para vigiar. Quando a crise ataca ele bate a cabeça contra a parede, se morde, esmurra o rosto, enfim. Por isso ele precisa ficar acorrentado, não tem outra solução”, explicou a mãe desesperada.
Preso em casa, tal como o filho que vive com correntes no pulso, Mariza quer, de alguma forma, apresentar a situação de André em algum programa de televisão, pois, segundo ela, tudo foi em vão em Fernandópolis. “Já vi na TV uma mãe que tinha um filho com uma doença parecida. Ela procurou a TV para pedir que tirassem a vida do filho, tamanho era o sofrimento dele. Encontraram um médico que descobriu a doença dele e conseguiu o tratamento. Hoje ele vai até a APAE sozinho e tem uma vida digna”, contou.
Embora tenha sua vida social interrompida pela atenção integral dada ao filho, o grande desejo de Mariza é descobrir o que o filho tem e, em seguida, buscar o tratamento. “Tudo que eu quero é que ele tenha dignidade e não precise mais ficar acorrentado. Muitos me perguntam o que ele tem, mas eu não sei, ninguém sabe. Não sei se é por falta de vontade, mas já vieram vários médicos de Fernandópolis aqui em casa e ninguém faz nada, só olham. Receitam alguns remédios que não resolvem e, por isso, não dou mais nenhum. Estavam acabando com ele por dentro”, disse a mãe.
Inquieto, com as orelhas deformadas e 20 quilos abaixo do peso ideal, André dá tapas incessantes no próprio rosto e morde as mãos. Além de ter os braços marcados pelas chagas das correntes, que só são retiradas para dormir. “Uma das mãos, durante a noite, fica presa à cama”.
Extremamente calmo e inofensivo com as pessoas, o problema de André é realmente consigo mesmo, tanto que já chegou a ficar internado em clínicas de Paranaíba-MS e Araras-SP. “Ele jamais causou problemas, pelo contrário, voltou ainda mais judiado, desnutrido e, o que é pior, com suspeita de ter sido abusado sexualmente. Como o caso dele é raro, ninguém dá jeito, não cuidam dele direito e acredito que abusam dele. Por isso, já não tento mais nada. Mantenho ele preso pra não se machucar, é uma luta sem fim”, relatou a mãe indignada.
Embora seja sempre julgada, Mariza jamais pensou em recorrer à morte do filho como solução.
Uma mobilização está sendo feita pelas redes sociais com um vídeo que já foi visualizado mais de 33 mil vezes e compartilhado por mais de mil pessoas. No material a mãe faz um apelo em busca de visibilidade nacional para libertar o filho das correntes e si própria da situação deplorável que vive. Jornal A Tribuna