PROJETO DE REABILITAÇÃO DO CURSO DE FISIOTERAPIA DA FUNEC ATENDE PACIENTES AMPUTADOS
O curso de Fisioterapia da Funec oferece o estágio extracurricular através do Projeto Reabilitação para Amputados, que busca tratar o paciente globalmente, não apenas o membro amputado.
Os benefícios para o paciente são muitos, pois o projeto auxilia no uso do andador, da cadeira de rodas, recuperando a independência perdida por causa da amputação.
Para o aluno, o projeto permite que o mesmo vivencie na prática o conteúdo ministrado teoricamente. “Compreendemos a importância de oferecer aos nossos alunos todo o aprendizado possível, preparando-os para o mercado de trabalho. O projeto é fundamental para a nossa cidade, pois atende as pessoas que sofreram alguma amputação e precisam de atendimento específico. Para os nossos alunos, o projeto transforma o aprendizado em prática”, ressaltou a diretora pedagógica e professora Sâmira Ambar Lins.
A professora responsável pelo projeto, Milainne Ruvieri Calazans, explicou que, quando o paciente chega ao setor, ele encontra outras pessoas que passaram pelo mesmo trauma e compreende que não é o único naquela situação. “Ele chega debilitado, fragilizado, sensível e, muitas vezes, sem esperança. Através da fisioterapia, nós reabilitamos o paciente. Reabilitar significa devolver sonhos, inserir o paciente a vida social novamente, resgatar sua dignidade”.
Ela acrescentou que o projeto desenvolve no paciente a consciência de que ele ainda tem o restante do corpo para ser cuidado e tratado.
No projeto, a maioria dos pacientes sofre amputação do membro inferior (perna) por complicações da diabetes, como Aleci Bonfim, 56 anos.
Em 2008, Bonfim teve um problema no dedo, tratou como se fosse um calo, até que foi diagnosticado com diabetes e precisou amputar três dedos do pé esquerdo. Em 2013, depois de várias idas e vindas a médicos, com dores na perna direita, Bonfim passou por mais uma amputação, perdendo parte do membro inferior direito.
Há um mês, Bonfim recebe atendimento no Centro de Reabilitação da Funec por meio do Projeto Reabilitação para Amputados. “Foi muito difícil. Depois da amputação da perna, eu não conseguia deitar de barriga para baixo, pois doíam muito minhas costas, não tinha força nos braços pra fazer algumas coisas. Agora, com os atendimentos que venho recebendo, meu corpo e minha disposição melhoraram significativamente”.
Milainne Calazans alertou sobre a diabetes, uma doença silenciosa. “Trata-se de um aumento da glicose no sangue e pode ser diagnosticada com um simples teste de glicemia ou por meio de exame de sangue em laboratório. É preciso ficar atento, pois as complicações da diabetes são severas, como, por exemplo, a amputação”.
A coordenadora do curso de Fisioterapia da Funec, Luciana Faissal, esclareceu que o projeto atende tanto pacientes que não poderão usar prótese quanto aqueles que a utilizarão. “Depois de sofrer a amputação, quando há possibilidade de usar prótese, o paciente é avaliado e preparado o membro residual, conhecido como coto, para receber a prótese futura. Depois de já estar com a prótese, o paciente continua sendo reabilitado, até que, dentro de suas limitações, retome suas atividades cotidianas e seja reinserido ao ambiente social”.
A história de Ivonete Gustavo de Souza, 44 anos, foi trágica, mas de muita superação.
Em março de 2012, Ivonete de Souza sofreu um acidente na linha férrea, onde teve as duas pernas amputadas pelo trem. Ela relata os momentos difíceis e traumáticos enfrentados. “No dia do acidente, achava que iria morrer e deixar minhas duas filhas, mas Deus poupou minha vida. A batalha foi longa, sofri a amputação das duas pernas, tive trombose, tétano, infecção hospitalar. Foram 32 dias internadas. Depois vieram outras dificuldades, como, por exemplo, não ter mais minha independência na realização das atividades cotidianas e a discriminação das pessoas”.
Souza relembra cada momento com lágrimas, se emociona ao contar sobre a tragédia, mas não perde a esperança na recuperação. “Gosto muito de vir fazer os exercícios e quando entro no carro da Funec pra vir fazer os exercícios me sinto muito feliz. Quando estou aqui dentro (Centro de Reabilitação da Funec), minha vida muda, melhora minha autoestima, me sinto bem tratada e já posso perceber a melhora. Eu não conseguia levantar o meu corpo, não tinha força nos braços, e, agora, estou conseguindo. Com pouco mais de um mês de atendimento, melhorei e tenho esperança de que vou conseguir me locomover, ter independência para realizar minhas atividades”.
Ela conta que foi considerada pelos médicos uma guerreira e tem lutado a cada dia para melhorar e recuperar sua dignidade. “Não tenho mais minhas pernas, mas tenho braços, posso ouvir e ver; por isso, preciso cuidar do restante do meu corpo”, afirmou Souza.
Além de oferecer o atendimento, a Funec disponibiliza um carro para buscar os pacientes impossibilitados de irem até o Centro de Reabilitação. “Sabemos da importância dos atendimentos e, portanto, não medimos esforços para atender as necessidades dos pacientes e alunos, fazendo melhorias nas clínicas, disponibilizando carro, entre outras ações”, disse Milainne.
Assim como Aleci Bonfim e Ivonete de Souza, outros pacientes são tratados pelo Projeto Reabilitação para Amputados, que atende às sextas-feiras, das 13:30 às 17:00 horas.
O indivíduo que sofreu alguma amputação e quer receber atendimento especializado deve procurar o Centro de Reabilitação da Funec, que fica Rua Oito, 854.
Outras informações pelo telefone 36419000 – ramal 8014.